Venda de casas dispara no final de 2024

O mercado imobiliário em Portugal registou um forte crescimento em 2024, com um aumento global de 13,1% no número de vendas de casas em relação a 2023. Este crescimento foi ainda mais expressivo no último trimestre, quando as vendas subiram 27,7%, marcando o maior aumento homólogo desde 2021, segundo os dados da Confidencial Imobiliário (CI) citados pelo Expresso.

No acumulado do ano, registaram-se 148.434 transações (mais 13,1%, em termos homólogos), sendo que 41.737 destas aconteceram no último trimestre do ano.

A procura foi impulsionada pela descida das taxas de juro, por uma maior confiança económica e medidas de apoio à compra da primeira habitação, como a isenção de IMT e de Imposto do Selo para jovens. Ainda assim, o aumento dos preços das casas abrandou, com uma subida de 11% em 2024, ligeiramente abaixo dos 11,8% registados em 2023.

Ricardo Guimarães, diretor da CI, em declarações ao Expresso, revelou-se surpreendido com o crescimento no final do ano, embora já previsse uma recuperação no segundo semestre devido à queda da Euribor. O aumento das vendas, afirmou, reflete a concretização de negócios adiados em anos anteriores devido à incerteza económica. “O mercado recuperou mais do que os juros baixaram, porque há uma tendência de estabilidade, o que influencia a tomada de decisão“, explicou.

À mesma publicação, Paulo Caiado, presidente da APEMIP, sublinha que a descida das taxas de juro, iniciada pelo Banco Central Europeu no segundo semestre de 2024, foi decisiva para o aumento do dinamismo no mercado imobiliário. “As pessoas sentem-se mais confiantes a contrair empréstimos, há uma menor pressão e acaba por gerar maior incremento no número de transações“, defendeu.

Apesar do crescimento nas vendas, o aumento dos preços das casas abrandou. A subida de 11% em 2024 foi menor do que a do ano anterior, mas mantém Portugal acima da média europeia. Dados do Eurostat indicam que o país teve o oitavo maior aumento de preços na União Europeia no terceiro trimestre de 2024, com uma subida de 9,8%, comparativamente aos 3,8% da UE. Desde 2010, Portugal tem a sétima maior subida, com os preços a crescer mais de 100%.

Segundo Ricardo Guimarães, o abrandamento nos preços deve-se ao início do ano mais contido, mas foi contrabalançado pelo impacto direto da procura no segundo semestre. A elevada procura, aliada à insuficiência de oferta, continua a pressionar os preços.

Paulo Caiado antecipa que os preços das casas continuarão a subir em 2025 devido ao desequilíbrio entre oferta e procura. Com base nos Censos de 2021, o presidente da APEMIP lembra que, na última década, foram construídas menos 700 mil casas do que na década anterior, enquanto a população estrangeira residente no país aumentou de 400 mil para mais de um milhão.

O crescimento sustentado do mercado imobiliário, especialmente nos segmentos médios e baixos, dependerá de políticas que aumentem a oferta habitacional e promovam o equilíbrio fiscal para incentivar a construção e renovação de imóveis.