Profissionais

Venda de casas aumenta 13% em 2024 e preços sobem 12%

Janeiro 29, 2025 · 5:11 pm
Foto de Carlos Fernando Caupers no Pexels

O número de casas vendidas registou uma subida homóloga de 13,1% e um acréscimo de 12% nos preços em 2024, segundo dados da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, divulgados esta quarta-feira.

Segundo estimativas da APEMIP, no ano passado, terão sido vendidas 150 mil casas num valor total de 30 mil milhões de euros, acima de 2023, e as previsões são de que este ano as transações aumentem.

Num retrato sobre o setor imobiliário em 2024, a associação liderada por Paulo Caiado diz que “não é verdade” que exista uma crise generalizada na habitação, tendo em conta a valorização do mercado imobiliário que se tem registado, o facto de 73% dos agregados familiares em Portugal terem imóveis e 65% terem a casa paga.

Já para os 27% que não têm casa, acrescentou, é verdade que há “grande exclusão habitacional” devido ao elevado preço das casas e aos rendimentos baixos.

Além disto, assinalam os dados revelados num encontro com jornalistas, muitas das soluções que têm sido apontadas ou adotadas têm um reduzido impacto na baixa do preço das casas, o que faz com que estas continuem a não ser acessíveis para a generalidade das pessoas.

Ou seja, fazer com que as casas fiquem 10% mais baratas não faz com que estas se tornem acessíveis para ninguém porque, referem os dados da APEMIP, “os preços distanciaram-se muito dos rendimentos das famílias”.

Estrangeiros são 12% dos compradores

Os compradores estrangeiros representaram cerca de 12% do volume de vendas, registando uma taxa de crescimento média anual de 8% entre 2019 e 2024, o que faz com que tenham um “papel crucial no mercado”.

A associação sublinha ainda as alterações observadas na estrutura demográfica e socioeconómica da população ao longo das últimas décadas, notando que, entre 1981 e 2021, a população de Portugal aumentou 5% para 10,3 milhões. Por outro lado, neste período de tempo, a dimensão média das famílias recuou de 3,3 para 2,5 membros.

Já a população estrangeira entre 2011 e 2021 aumentou 37%, situação que, indica a APEMIP, contribuiu “para a diversificação do mercado habitacional e para a procura residencial” em Portugal.

Fluxo de estrangeiros vai continuar

Portugal entrou definitivamente no radar de cidadãos estrangeiros e muitos continuarão a escolher o país para viver mesmo sem regimes especiais que os beneficiem, defendeu a vice-presidente da APEMIP, Patrícia Barão.

Do total de transações, a APEMIP diz que 6% foram feitas por estrangeiros e desses mais de metade não são europeus. Já o peso dos estrangeiros no valor total é maior, acima de 10%.

São atraídos pela qualidade de vida, serviços de saúde, educação e segurança e mesmo com alterações nos regimes especiais que os beneficiavam (como os vistos ‘gold’) o fluxo de estrangeiros que procuram Portugal para viver vai continuar. Em média, um estrangeiro gasta numa casa 550 mil euros (acima do cidadão português).

Quanto à casa que os estrangeiros procuram para comprar, a responsável pela APEMIP explicou que cada vez mais olham para outras localizações que não só os centros de Lisboa e Porto: “Um americano vai ao Seixal e fica maravilhado ao ver aquele fim do dia, aquela paisagem incrível”, afirmou.

Desequilíbrio entre oferta e procura

O desequilíbrio entre a oferta e a procura é um dos fatores que tem pressionado os preços. Segundo refere a APEMIP, entre 2011 e 2021 registou-se um crescimento residual do ‘stock’ habitacional equivalente a 11 mil fogos anuais.

Em paralelo, as vendas de fogos residenciais têm registado um crescimento “consistente” desde 2015, com a trajetória positiva do volume de procura a ser impulsionada pelo mercado nacional e atratividade do mercado internacional.

“Os valores de venda continuam a subir devido ao desequilíbrio entre oferta e procura”, salienta a APEMIP acrescentando que o preço médio por metro quadrado em Lisboa e no Porto está próximos dos cinco mil e os 3.300 euros, respetivamente – sendo que os valores ‘prime’ alcançaram já os 10 mil e 7.500 euros por metro quadrado, pela mesma ordem.

Em Portugal há cerca de 6.000 empresas imobiliárias. A APEMIP é a associação mais representativa do setor, com 2.000 associados.

Parceria entre Estado e privados

Para colmatar o problema da falta de habitação, a APEMIP defende que deve haver um grande programa de construção de casas a preços controlados numa espécie de parceria público-privada (PPP) em que o Estado isentava de impostos (IVA mas também IMT ou IMI) as atividades envolvidas na construção e venda de casas a preços mais baixos. Defende ainda que o Estado deve participar através da cedência de terrenos que tem e que não usa.

Afirmando que os impostos e o preço do terreno são fatores determinante no preço de uma casa, o presidente da APEMIP disse que tal permitiria pôr no mercado casas a preços controlados. Defendeu ainda uma “via verde de licenciamento”, pois atualmente o processo completo pode tardar anos.

“É fundamental, é crítico trazer um novo segmento para o mercado em que as casas têm preços controlados. Previsivelmente, os preços das casas não vão baixar, daí que seja tão importante o segmento a preços controlados”, afirmou Paulo Caiado, recordando que tanto o custo da mão de obra como dos materiais não se prevê que baixe.

A APEMIP não estima quantas habitações deveriam ser construídas a preços controlados. Contudo, avisa que para levar a cabo esse projeto é preciso mais trabalhadores e, logo, mais imigrantes (devidamente legalizados, alojados e com formação).

Atualmente, disse o presidente da APEMIP, os dados da associação de empresas de construção AECOPS indicam que há já um défice de 90 mil trabalhadores. Com os trabalhadores existentes a laborar a tempo integral a capacidade construtiva em Portugal é de apenas 20 mil casas por ano.

Fonte: Lusa/Redação

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