Créditos
Taxa de juro mista atinge recorde de 75% dos novos empréstimos
Junho 7, 2024 · 11:57 am
Foto de Freguesia de Estrela na Unsplash
Os novos empréstimos à habitação com taxa de juro mista, fixa num período inicial e variável no período seguinte, representaram em abril o peso recorde de 75% do total contratualizado nesse mês, divulgou o Banco de Portugal (BdP).
“Este é o valor máximo desde o início da série estatística, em dezembro de 2021”, destaca o banco central, detalhando que, no final de abril, os empréstimos a taxa mista representavam 22% do ‘stock’ de empréstimos à habitação.
Em 2023, na sequência da subida das taxas de juro, assistiu-se a um aumento das novas operações de crédito à habitação com taxa mista, isto é, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável.
Deste modo, estas passaram de 16% do montante de novas operações em dezembro de 2022 para 75% em abril passado.
A maior procura dos novos contratos de crédito à habitação com taxa mista tem-se refletido na alteração de composição do ‘stock’ de empréstimos para habitação: O regulador indica que o peso destes empréstimos no ‘stock’ de crédito à habitação aumentou de apenas 6% em dezembro de 2022 para os 22% em abril deste ano.
Euribor a descer
A taxa Euribor a seis meses, que passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro, baixou hoje para 3,738%, menos 0,018 pontos e um novo mínimo desde 07 de junho de 2023, depois de ter subido em 18 de outubro para 4,143%, um máximo desde novembro de 2008.
Dados do BdP referentes a março apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 36,6% do ‘stock’ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 34,3% e 24,9%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, recuou hoje para 3,690%, menos 0,025 pontos do que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
No mesmo sentido, a Euribor a três meses caiu, ao ser fixada em 3,752%, menos 0,020 pontos e um novo mínimo desde 04 de agosto de 2023, depois de ter avançado em 19 de outubro para 4,002%, um máximo desde novembro de 2008.
A média da Euribor em maio desceu a três, seis e 12 meses, mas mais acentuadamente do que em abril e nos prazos mais curtos.
A média da Euribor em maio desceu 0,073 pontos para 3,813% a três meses (contra 3,886% em abril), 0,052 pontos para 3,787% a seis meses (contra 3,839%) e 0,021 pontos para 3,681% a 12 meses (contra 3,702%).
BCE corta taxas diretoras
Entretanto, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem o corte em 25 pontos base das três taxas de juro diretoras, a primeira descida desde 2019. Assim, a taxa fixa de operações principais de refinanciamento recuou para 4,25%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez desceu para 4,5% e a de facilidade permanente de depósito para 3,75%.
No comunicado divulgado depois da reunião de política monetária, o conselho do BCE, presidido por Christine Lagarde, afirma que, “com base numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária, é agora apropriado moderar o nível de restritividade da política monetária, após as taxas de juro terem sido mantidas constantes durante nove meses”.
Esta descida deverá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas Euribor e assim baixar a prestação do crédito à habitação.
Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.
Fonte: Lusa/ Redação