Habitação
Quem são os investidores estrangeiros que compram casa em Lisboa?
Novembro 15, 2024 · 4:36 pm
Foto de Lisha Riabinina na Unsplash
Nos primeiros seis meses de 2024, os investidores estrangeiros adquiriram 800 imóveis residenciais na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa, num total de 464 milhões de euros. Este volume de investimento mantém-se em linha com a média semestral de 456 milhões de euros registada em 2023, num total de 790 imóveis, segundo dados da Confidencial Imobiliário.
Apesar desta estabilidade, os estrangeiros perderam representatividade no mercado. No período analisado, representaram 31% do montante investido em habitação na ARU de Lisboa, uma descida face aos 41% observados em 2023. Já em número de operações, a quota recuou de 33% para 28%. Este é o menor peso do investimento internacional nos últimos cinco anos, em contraste com o aumento significativo das compras realizadas por portugueses, que reforçaram a sua presença no mercado.
Estes dados dizem respeito às aquisições por compradores particulares na ARU de Lisboa, que abrange 21 das 24 freguesias do concelho (excluem-se Santa Clara, Lumiar e Parque das Nações).
Investimento doméstico com forte recuperação
As compras de residências realizadas por portugueses cresceram 55% e 31%, respetivamente, neste semestre face à média semestral de 2023, depois de, no total do ano passado, terem caído 14% em montante e 23% em número de operações
Assim, o investimento dos nacionais no 1.º semestre deste ano somou 1.015 milhões de euros, num total de 2.070 imóveis residenciais adquiridos, o que representa 69% do mercado em montante e 72% em número de operações. Ao mesmo tempo, os compradores portugueses também reforçaram em 19% o seu ticket médio de investimento, para €490,4 mil, ao passo que os estrangeiros o mantiveram estável, com o ticket médio de investimento atingindo os €582,7 mil por operação.
Deste modo, o gap entre a capacidade de investimento de cada um dos segmentos, nacional e estrangeiro, teve uma diminuição expressiva. Se nos últimos anos, os estrangeiros, investiam, em média mais 40% a 45% por operação que os portugueses, no 1.º semestre deste ano essa diferença passou a ser de 19%.
Franceses lideram, mas brasileiros cresceram mais
Entre os compradores internacionais de 58 países, os franceses destacaram-se, liderando tanto em número de imóveis adquiridos (95 imóveis) como em valor investido (67,8 milhões de euros), o que corresponde a 12% e 15% do total internacional, respetivamente, avança a CI.
Nos primeiros seis meses deste ano, os investidores franceses destronaram os norte-americanos, que em 2023 emergiram como o principal mercado emissor. Neste período, os franceses investiram mais 16%, enquanto os norte-americanos reduziram 11%, agregando agora 13% do montante internacional (€62,5 milhões) e 12% em número de imóveis (92).
Os brasileiros surgem na 3ª posição, com a mesma quota de capital (13%) dos norte-americanos, o que representa uma aceleração significativa face 2023. Estes compradores investiram €61,4 milhões em habitação, no 1º semestre deste ano, mais do dobro do investimento semestral de €27,8 milhões em 2023.
Os britânicos e os alemães completam o top 5 de maiores investidores internacionais (quotas de 7% e 5%, respetivamente), perdendo dinâmica face a 2023 com quebras na ordem dos 39%. No que respeita ao número de operações, depois de franceses e norte-americanos, os brasileiros, britânicos e os chineses são os mais ativos, com quotas de 10%, 8% e 6%, respetivamente.
Freguesias menos centrais ganham terreno
Embora freguesias centrais como Misericórdia, Estrela, São Vicente, Avenidas Novas e Santo António continuem a concentrar a maior parte do investimento estrangeiro, com quotas entre 10% e 14%, os territórios emergentes registaram os maiores crescimentos.
Zonas como Alvalade, São Domingos de Benfica, Beato e Ajuda, embora com quotas ainda reduzidas (1% a 2%), duplicaram os valores captados em comparação com a média semestral de 2023. Entre as freguesias de destaque, São Vicente sobressaiu ao captar, em apenas seis meses, mais do que durante todo o ano passado, atingindo 55,9 milhões de euros.