Habitação
Privação habitacional severa aumenta em 2023
Março 15, 2024 · 4:11 pm
Foto de Annie Spratt na Unsplash
Os últimos dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR) revelam uma preocupante tendência de aumento da privação habitacional em Portugal, especialmente em relação às condições de habitabilidade e conforto térmico, anunciou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
A proporção de pessoas que viviam em condição de sobrelotação em 2023 aumentou para 12,9%, sobretudo na população em risco de pobreza, representando um aumento de 3,5 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Além disso, a proporção de residentes em condições severas de privação habitacional subiu para 6,0%, um incremento de 2,1 pontos percentuais em comparação com 2020.
Despesas com habitação com ligeira melhoria
Apesar deste cenário preocupante, houve uma ligeira melhoria no que diz respeito ao equilíbrio entre as despesas com habitação e o rendimento disponível das famílias. Em 2023, a carga mediana das despesas em habitação foi de 9,7%, diminuindo em relação ao ano anterior. Adicionalmente, a taxa de sobrecarga das despesas em habitação também apresentou uma redução, ficando em 4,9%.
Contudo, os dados sobre conforto térmico revelam um panorama preocupante. Em 2023, cerca de 20,8% da população vivia em agregados onde não havia capacidade financeira para manter o alojamento confortavelmente quente, um aumento de 3,3 pontos percentuais em relação a 2022. Portugal figurava entre os cinco países da União Europeia com maior índice de incapacidade financeira para aquecer as habitações, quase duplicando a média europeia.
Aproximadamente 21,6% dos inquiridos vivem em situações em que o alojamento não é suficientemente quente no inverno por outros motivos, enquanto 38,3% enfrentam problemas de calor no verão.
Quase 20% com problemas financeiros
Os dados também destacam a realidade das dificuldades habitacionais temporárias, com 4% das pessoas com 16 anos ou mais já tendo enfrentado situações de necessidade de pernoitar em alojamentos alternativos, rua ou espaços públicos por falta de opções. Entre as razões apresentadas, os “problemas de relacionamento ou familiares” foram citados por 39,6% dos inquiridos, enquanto os “problemas financeiros” afetaram 19,1%.
Estes resultados apontam para a urgência de políticas e medidas eficazes para enfrentar os desafios crescentes no âmbito da habitação em Portugal, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso a condições dignas de habitação e conforto.