Luís Mário Nunes

CEO da ComprarCasa Portugal

Opinião

O que esperar do Novo Ano?

20 Janeiro, 2025 · 16:18

Mais um ano que chegou ao fim. Por esta altura, ano após ano, levantam-se sempre questões sobre o que será o futuro próximo.

Na Rede ComprarCasa, acreditamos que a mediação imobiliária em Portugal manterá a dinâmica dos últimos anos e tendência de crescimento do peso dos negócios intermediados. O facto de vivermos e continuar a viver com importante défice de inventário (leia-se, reduzida oferta generalizada e muito reduzida em determinados nichos) faz com que a existência de um verdadeiro profissional seja vista como uma efetiva mais-valia em todo o processo de compra e venda.

Pensamos que o negócio imobiliário manterá a sua tendência do último semestre de 2024, mas, cada vez mais, a sentir-se a estabilização. O grande desafio assenta num importante conceito que nos acompanha diariamente, o conceito de “acesso/acessibilidade”. Sem dúvida que, com a atual redução das taxas diretoras, que se perspetiva se mantenha, o serviço da dívida decresce, logo a acessibilidade ao crédito melhora. Para nós, a redução das taxas de juro que estamos a vivenciar será o principal dínamo para a acessibilidade ao crédito.

No entanto, enfrentamos um outro desafio de acessibilidade, o acesso ao mercado imobiliário. Aqui, mesmo com maior e melhor acesso ao crédito, seja por via da taxa de juro, seja por via do veículo conhecido como “Habitação Jovem”, a verdade é que a escassez de oferta mantém o preço do bem em valores inacessíveis a muitos dos potenciais compradores, particularmente, a franja do consumidor que procura a sua primeira habitação, ou a segunda por incremento do agregado familiar.


"Mesmo com maior e melhor acesso ao crédito, seja por via da taxa de juro, seja por via do veículo conhecido como “Habitação Jovem”, a verdade é que a escassez de oferta mantém o preço do bem em valores inacessíveis."


Consideramos que todas as iniciativas do Poder Central são bem-vindas e são, sem dúvida, potenciais ferramentas para apoiar a dinâmica do mercado. No entanto, o grande drive, na nossa opinião, passa por instrumentos que potenciem o interesse privado a apostar, claramente na construção e reabilitação urbana.

A redução do IVA para 6% incluída no pacote “Construir Portugal” e, mais recentemente, a “Nova Lei dos Solos” são instrumentos que poderão dinamizar a construção e trazer mais casas para o mercado.

Portugal vive realidades que fazem com que o mercado imobiliário permaneça “quente”. Não acreditamos que mantenha crescimentos de preço dentro das médias anuais recentes, mas estamos em crer que se manterá o incremento dos preços. A procura continuará forte, seja pelo interesse do mercado estrangeiro que permanecerá, não há qualquer indicador que nos leve a pensar o contrário; seja pelo desafio demográfico que o país enfrenta.

A imigração é uma realidade que veio para ficar; podemos ter opiniões divergentes, mas, a verdade, é que a imigração é fundamental para determinados setores de atividade, os quais têm um peso importante no PIB nacional. Assim, a nossa opinião, é que é muito bem-vinda.

Mas isto traz-nos desafios demográficos importantes. Também aqui voltamos ao tema que é transversal: o acesso e a acessibilidade. Temos de saber receber com critério, integrar e, estes novos residentes necessitam de habitação. MAIS procura.


"Portugal vive realidades que fazem com que o mercado imobiliário permaneça “quente”. Não acreditamos que mantenha crescimentos de preço dentro das médias anuais recentes, mas estamos em crer que se manterá o incremento dos preços."


A Lei dos Solos poderá ter um papel importante. Em tese, consideramo-la muito bem pensada; em tese, controlar-se-á eventuais devaneios especulativos. Veremos como produz efeito na prática. Claro que ainda irá demorar a surtir efeito. Mesmo com as alterações legislativas ao processo de licenciamento, a verdade é que ainda demoraremos a ver este produto pronto a comercializar, mas acreditamos que trará mais produto para o mercado imobiliário e havendo mais produto e a preço moderado, a tendência deverá ser para a desaceleração do valor.

O mercado tem de dar passos, e o Poder Central tem um papel importante, em fomentar novas estratégias construtivas; mais céleres, mais baratas e que mantenham a mesma eficiência e qualidade. Estas realidades já existem em mercados próximos dos nossos e, em casos pontuais, até no nosso. Criem-se condições de acessibilidade financeira para estas soluções.

No que respeita ao arrendamento, a verdade é que os instrumentos fiscais que foram criados não trouxeram grande impacto e interesse para os investidores. O mercado continua pouco dinâmico e, por isso, os preços a crescer. O que perspetivamos se mantenha neste novo ano.

Por outro lado, parece-nos que o mercado começa a caminhar para construções de frações mais pequenas. Será positivo??

Na verdade, mais do que concordarmos ou discordarmos com a ideia é analisarmos outros mercados europeus e outros continentes.

O que facilmente percebemos é que criámos uma cultura de satisfação pelas áreas das habitações. Não nos parece que seja errado; mas se numa mesma área total de construção conseguirmos ter 4 frações em vez de 3, poderemos estar já a ajudar a criar respostas para as necessidades do mercado, desde que consigamos as ditas 4 frações com áreas devidamente condignas de habitabilidade. Esta é uma realidade de importantes cidades europeias e mundiais; áreas mais pequenas, mas devidamente suficientes, geram mais capacidade de resposta.

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