Habitação

OE2026: Mais oferta e incentivos fiscais para travar a crise habitacional

Outubro 9, 2025 · 4:44 pm
Imagem de diana.grytsku no Freepik

O Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), entregue esta quinta-feira no parlamento, é o segundo elaborado pela equipa das Finanças liderada por Joaquim Miranda Sarmento. A proposta, já aprovada em Conselho de Ministros, será discutida na generalidade no final do mês e votada em votação final global a 27 de novembro.

Entre as prioridades do documento está o combate à “grave crise habitacional” que o Governo reconhece afetar o país e, em particular, os mais jovens. A estratégia passa por “travar a escalada de preços” através de um aumento decisivo da oferta habitacional e de um conjunto de incentivos fiscais e programas de investimento público.

Aumento da oferta habitacional

O Executivo compromete-se a disponibilizar 59 mil casas nos próximos seis anos, das quais 33 mil novos fogos serão construídos com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Ao abrigo de um acordo recente com o Banco Europeu de Investimento (BEI), está ainda prevista a construção de 12 mil habitações novas, integradas no Programa de Apoio ao Arrendamento.

Para 2026, o Governo prevê 930 milhões de euros em programas públicos de promoção e reabilitação habitacional, destinados a alojar 22 mil pessoas. Paralelamente, será mobilizado património público – imóveis e terrenos – para novos projetos residenciais, bem como blocos habitacionais reabilitados para alojamento de militares e agentes das forças de segurança deslocados.

O Estado pretende também transferir para os municípios a propriedade de todos os imóveis rústicos do domínio privado do Estado, sem contrapartida, com o objetivo de promover a reutilização dos terrenos, mitigar o risco de incêndios e reforçar a gestão de proximidade.

No licenciamento urbanístico, o Governo promete simplificar e acelerar os processos, bem como rever o regime de arrendamento urbano, garantindo maior segurança jurídica aos proprietários em caso de incumprimento.

Entre as prioridades está ainda a criação de parcerias público-privadas para reabilitar imóveis devolutos do Estado com potencial habitacional, nomeadamente os libertados pela concentração de serviços públicos no Campus XXI, e uma linha de crédito de 1.340 milhões de euros para os municípios criarem 12 mil habitações a preço acessível até 2030.

Incentivos fiscais para habitação

Em matéria fiscal, o Governo avança com a redução do IVA para 6% na construção de habitações destinadas a venda ou arrendamento a preços moderados, definidos como até 2.300 euros mensais de renda e 648 mil euros no caso de construção para arrendamento.

O pacote inclui ainda aumentos de benefícios fiscais para arrendamento acessível:


  • Dedução à coleta do IRS das rendas moderadas sobe para 900 euros anuais;

  • Taxa de IRS aplicada a senhorios desce de 25% para 10%;

  • Isenção de IMT e IMI temporária para imóveis destinados a rendas moderadas;

  • Isenção de mais-valias em IRS para vendas de imóveis cujo valor seja reinvestido em habitação para arrendamento acessível.


Segundo o Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, as medidas fiscais da habitação só terão impacto efetivo em 2027, já que, embora entrem em vigor em 2026, a sua aplicação só terá reflexo nas declarações de impostos apresentadas no ano seguinte.

Apoio aos jovens e à primeira habitação

O OE2026 reforça em 350 milhões de euros o montante afeto à Garantia Pública para a compra da primeira casa por jovens até 35 anos, atualizando ainda em 2% os escalões do IMT Jovem, o que alarga a isenção para imóveis até 330.539 euros.

Mantêm-se também o Programa Porta 65 e o apoio ao alojamento estudantil, com o objetivo de reduzir as barreiras de acesso ao ensino superior e facilitar a autonomia habitacional dos jovens.

Investimento recorde em infraestruturas e habitação

O Programa Infraestruturas e Habitação é o que apresenta maior dotação orçamental na proposta, com 5.841,1 milhões de euros, equivalente a 33,8% do total dos programas orçamentais.

O financiamento nacional ascende a 4.961,9 milhões de euros, incluindo 1.028 milhões provenientes de impostos, enquanto o financiamento europeu soma 879,2 milhões, dos quais 769,8 milhões de euros do PRR.

Dentro deste programa, destacam-se os investimentos da Infraestruturas de Portugal (IP) na ferrovia e rede rodoviária, e os programas do IHRU1.º Direito e Habitação a Custos Acessíveis.

O IHRU receberá quase 1.200 milhões de euros, dos quais 800 milhões se destinam a programas de apoio ao acesso à habitação, 360 milhões ao parque público de habitação acessível, 28 milhões à bolsa de alojamento urgente e 10 milhões à reabilitação habitacional.

Património, ordenamento e cadastro

O Governo prevê ainda um orçamento de 852 milhões de euros para a gestão do património imobiliário do Estado, e a conclusão, até junho de 2026, do Sistema de Informação e Gestão de Património Imobiliário Público (SIGPIP), que permitirá inventariar e gerir com transparência os imóveis públicos e promover a sua valorização e reabilitação.

Será também criado um sistema cadastral integrado, ligando o cadastro predial e o simplificado, para melhorar o registo da propriedade e o ordenamento do território. Está previsto o desenvolvimento de um sistema de informação georreferenciada e de uma avaliação cadastral simplificada da propriedade rústica.

O Governo prevê igualmente um programa de recuperação de património cultural classificado 2026-2030, em parceria com a Estamo, a Património Cultural, I.P. e os municípios, com o objetivo de reabilitar cerca de 250 imóveis classificados ao longo de quatro anos.

Fonte: Lusa/ Redação

Profissionais

APEMIP aplaude reforço da regulação do setor imobiliário anunciado pelo Governo

Associação defende que a regulação deve promover transparência, confiança e igualdade no mercado.

Profissionais

Duas listas disputam a presidência da APEMIP nas eleições de dezembro

Patrícia Barão e Gustavo Soares apresentaram candidaturas à direção da APEMIP para o triénio 2026-2028.

Habitação

Cinquenta casas de renda acessível construídas na freguesia de Benfica

Benfica vai construir 50 novos fogos de habitação acessível, no âmbito de uma candidatura ao PRR.

Leia mais

Dinheiro

Após ciclo de descida, novas rendas em Lisboa e Porto começam a estabilizar

Lisboa e Porto registam variações trimestrais ligeiramente positivas, mas mercado mantém-se em terreno negativo.

Habitação

Cascais compra terrenos para travar especulação e criar parque urbano

Investimento pretende reforçar a oferta de habitação pública e equipamentos, devolvendo o território à comunidade.

Profissionais

APEMIP aplaude reforço da regulação do setor imobiliário anunciado pelo Governo

Associação defende que a regulação deve promover transparência, confiança e igualdade no mercado.

Habitação

As cidades que vão conquistar o mundo em 2026

Descubra onde viver, trabalhar e sonhar. Estará Portugal representado?