Dicas
O que os ladrões não querem que saiba: truques de segurança em casa
Março 25, 2025 · 8:05 am
Imagem de jcomp no Freepik
Manter a nossa casa segura é fundamental para o nosso bem-estar. Conhecer os truques que os ladrões mais usam ajuda-nos a precaver situações antes de haver uma situação desagradável. Não espere pela casa roubada para reforçar o cuidado e atenção com a segurança de sua casa!
Os furtos a residências nem sempre acontecem com arrombamentos sofisticados ou esperando a ausência dos proprietários. Em muitos casos, os criminosos utilizam a astúcia para ganhar a confiança das vítimas e conseguir acesso ao interior das casas. O método? Bater à porta e apresentar uma história convincente.
O que dizem os números?
De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), os furtos a residências com recurso a esquemas de engano representam uma percentagem crescente dos crimes patrimoniais. Nos últimos meses, têm sido registados dezenas de casos e só nos primeiros dois meses de 2025 foram reportadas 82 ocorrências deste tipo, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa.
Naturalmente, este modo de atuação é apenas uma parte da realidade. Os dados revelados pela PSP em 2024, relativos aos quatro anos anteriores, indicavam a prática de 7.614 crimes de furto em interior de residência (sem arrombamento, escalamento ou chaves falsas) e de 16.714 crimes de furto a habitações com arrombamento, escalamento ou chaves falsas, ou seja, um total de 24.328 crimes de furto a casas entre 2020 e 2023.
Quem são as vítimas?
As vítimas preferenciais são, na maioria dos casos, pessoas idosas e/ou vulneráveis que vivem sozinhas ou em habitações isoladas. Estes crimes ocorrem sobretudo em períodos diurnos, durante os dias de semana, preferencialmente entre as 12h00 e as 15h00, ou seja, nos momentos em que a vigilância de familiares ou vizinhos pode ser menor.
Nestes casos, ao contrário de outro tipo de furtos, os ladrões escolhem a vítima e não a residência, isto é, os alvos são pessoas que estejam sozinhas em casa, com pouca capacidade física para se defenderem. As sextas-feiras, talvez por serem dias em que habitualmente as vítimas vão às entidades bancárias levantar dinheiro para o fim de semana, são o dia da semana com maior número de ocorrências.
Qual o perfil dos criminosos?
Este tipo de furtos é executado, em regra, por grupos de 3 ou 4 indivíduos. Não recorrem a arrombamentos: tocam à campainha das residências e utilizam uma história para acederem ao interior da residência.
Muitas vezes, enquanto um membro distrai o proprietário da casa, os outros dedicam-se ao furto dos bens. Também é habitual, segundo as autoridades, que um dos membros do grupo, por regra do sexo masculino, fique no exterior da habitação, ao volante de uma viatura, para facilitar a fuga.
Os esquemas mais usados
Os esquemas de engano são situações em que os meliantes tocam à campainha das residências e utilizam uma história de cobertura para ganharem a confiança das vítimas. Naturalmente, os enredos variam, mas em comum têm o objetivo de permitir acesso ao interior da habitação. Muitas vezes, são histórias que de algum modo apelam aos bons sentimentos dos ofendidos, recorrendo a mulheres, crianças e falsas doenças para conseguir o seu propósito.
Segundo a PSP, existem várias formas de abordagem utilizadas por suspeitos para convencer os moradores a abrir a porta. Algumas das estratégias mais comuns incluem:
- Pedir um copo de água – Os suspeitos batem à porta alegando que um dos elementos do grupo se sente mal, precisa tomar um medicamento ou está desidratado. O objetivo é fazer com que a vítima se distraia para que um cúmplice entre sorrateiramente na casa.
- Solicitar o uso da casa de banho – Um pretexto clássico para conseguir acesso ao interior da casa. Enquanto um suspeito usa a casa de banho, outro pode circular pela residência em busca de objetos de valor.
- Fingir ser uma empregada de limpeza – Algumas burlonas dizem ser responsáveis pela limpeza do prédio e alegam precisar de um balde com água para trabalhar. Assim que entram, exploram a casa ou desviam objetos de pequeno porte.
- Dizer que estão interessados em comprar ou arrendar um imóvel no edifício – Neste esquema, os criminosos fazem-se passar por compradores ou inquilinos e pedem para ver a disposição do apartamento, usando isso como pretexto para explorar os pertences da vítima.
- Pedir papel e caneta para deixar um recado – Os suspeitos escrevem vagarosamente um recado enquanto um cúmplice entra noutra divisão da casa, aproveitando a distração do morador.
- Utilizar crianças como distração – Este é um dos métodos mais eficazes. Um adulto aparece acompanhado de uma criança pequena, entre os 6 e os 10 anos, pedindo ajuda. O instinto protetor da vítima leva-a a baixar a guarda, permitindo que outros cúmplices atuem.
Como atuam os criminosos?
Os criminosos escolhem, na maioria das vezes, pessoas idosas ou especialmente vulneráveis que vivem sozinhas, principalmente mulheres. Porquê? Porque este grupo tende a ser mais recetivo a ajudar desconhecidos e pode ter menor capacidade de reação física. Nos casos reportados com este modus operandi, não há registos de violência.
Além disso, os suspeitos preferem residências em zonas pouco movimentadas, onde possam agir sem chamar a atenção. As vítimas, por norma, não têm sistemas de vigilância instalados e manifestam dificuldade em identificar os suspeitos.
O método de atuação leva a crer que, provavelmente, os meliantes estudam as vítimas e as zonas de residência antes de atuarem.
Os objetos roubados são sobretudo joias (ouro e prata) e dinheiro, por serem de fácil dissimulação.
Como se pode proteger?
A PSP alerta para a importância da prevenção e deixa recomendações essenciais para evitar cair nestes esquemas e garantir a segurança em casa:
✅ Desconfie sempre de estranhos à sua porta. Se alguém pedir um recado, anote-o sem abrir a porta; não permita a entrada de desconhecidos em casa.
✅ Se pedirem água ou para usar a casa de banho, recuse educadamente. Existem locais públicos para esses fins;
✅ Não se deixe enganar com a presença de crianças;
✅ Mantenha a corrente de segurança sempre colocada se precisar de falar com alguém pela porta;
✅ Se notar movimentações suspeitas no prédio ou bairro, contacte a PSP e anote características de pessoas e matrículas e modelos de veículos desconhecidos;
✅ Não revele informações pessoais, hábitos ou rotinas da sua família a desconhecidos, confirme se inquéritos ou questionários são fidedignos ligando para as empresas;
✅ Evite manter grandes quantias de dinheiro ou objetos valiosos em casa e, se possível, guarde-os num cofre;
✅ Não aceite encomendas que não tenha solicitado e que não venham em seu nome e verifique sempre a sua origem;
✅ Tenha os contactos de emergência e da Esquadra da PSP da área sempre em local de fácil acesso.
Os criminosos exploram a boa vontade e a confiança das pessoas para agir. Por isso, por muito que esta atitude pareça fria, deve desconfiar de desconhecidos e ser precavido.
Manter-se alerta e seguir estas recomendações pode fazer toda a diferença e evitar surpresas desagradáveis. Sentir a casa invadida e os nossos bens roubados, mesmo que de valor simbólico, gera uma enorme sensação de insegurança e devassa.
Partilhe estas dicas com amigos e familiares, especialmente com idosos e pessoas que vivam sozinhos e ajude a tornar o seu bairro mais seguro.
Se suspeitar de qualquer situação estranha, não hesite: ligue para a PSP e reporte o ocorrido. A sua segurança começa à porta de casa!
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