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Mercado imobiliário fecha 2024 com crescimento de 20%
Dezembro 27, 2024 · 1:03 pm
Image by Philip Miles from Pixabay
O mercado imobiliário português termina 2024 em alta, com um crescimento estimado de 20% no investimento comercial e uma recuperação significativa no setor habitacional, segundo a consultora JLL. Esta trajetória de recuperação foi transversal a todos os segmentos, com destaque para o aumento expressivo da ocupação de escritórios e no setor industrial e logístico.
Nestes segmentos, o balanço de 2024 é especialmente positivo já que os níveis de ocupação estavam 20% a 70% acima do total da atividade de 2023, ainda antes do final do ano.
Os setores da hotelaria e do retalho mantêm a trajetória positiva com um aumento da procura.
Carlos Cardoso, CEO da JLL, considera que “os resultados anuais estimados escondem um ano a dois ritmos: uma primeira metade de 2024 mais arrefecida do que o inicialmente previsto e uma segunda metade com uma boa reativação da atividade. E acrescenta: “O contexto macroeconómico menos favorável pressionou a capacidade financeira e rendimentos de empresas e famílias, ao mesmo tempo que a incerteza política afetou a sua confiança, levando ao adiamento de decisões de compra e investimento. Com o início das descidas dos juros, a estabilização da estrutura governativa e a implementação de novas medidas para o setor da habitação, o mercado imobiliário foi reativando, o que nos permite antecipar um fecho de ano superior a 2023 em todos os segmentos”.
Investimento comercial cresce 20%
As estimativas da JLL indicam que o investimento comercial em 2024 deve regressar aos níveis médios dos últimos três anos, isto é, cerca de 2.000 milhões de euros transacionados, o que representa uma recuperação de cerca de 20% face aos 1.700 milhões de euros transacionados em 2023. Neste total, destacam-se os ativos de retalho.
No segmento da habitação, depois de uma quebra de quase 20% em 2023 e no 1.º trimestre deste ano, as vendas das casas estão a subir de forma expressiva. Os dados mais recentes evidenciam que, nos últimos três meses até novembro, o número de aquisições registou um acréscimo de 26% face aos valores do final de 2023, sobretudo devido a uma forte aceleração da procura desde o período do verão.
No que respeita à ocupação empresarial de escritórios e de logística, 2024 tem sido um ano especialmente positivo. No 1.º semestre, em contracorrente, estes segmentos registaram um aumento da absorção e, antes do final do ano, já superam toda a atividade do ano anterior.
Ocupação de escritórios em Lisboa cresce mais de 70%
Até ao mês de novembro, em Lisboa, foram ocupados 193.200 m2 de escritórios, uma subida de 72% face ao total de 2023. No Porto, a ocupação no período entre janeiro e novembro soma 65.900 m2, 32% mais do que volume de 2023.
No imobiliário de industrial e logística, a ocupação ascende a 513.500 m2 entre janeiro e setembro, mais 20% do que o acumulado de todo o ano de 2023.
Nos setores de hotelaria e retalho, os índices de crescimento são menores, mas mantêm a trajetória positiva do último ano, suportados por indicadores operacionais robustos.
De igual modo, segundo a consultora, os indicadores de valor também exibem uma trajetória positiva. Os preços de venda das casas acumulam um crescimento de 10% até novembro com o ritmo de crescimento a intensificar-se.
No investimento, as yields mantiveram-se estáveis para a maioria dos ativos imobiliários e com níveis competitivos no contexto europeu, enquanto as rendas de escritórios (28,5€/m2 de renda prime em Lisboa), logística (6,5€/m2 de renda prime em Lisboa) e retalho (140€/m2 comércio de rua prime em Lisboa e 85€/m2 no comércio de rua prime no Porto) atualizaram-se em alta.
Expectativas para 2025
No que respeita às expectativas para 2025, o CEO da JLL considera que se antecipa um cenário positivo no quadro macroeconómico são positivas, com a estabilização da inflação, continuação da descida das taxas de juro e bons níveis de emprego.
“Apesar dos riscos geopolíticos na Europa, este cenário económico dá suporte à confiança de investidores, empresas e famílias, naturalmente traduzido numa boa dinâmica de procura par o setor imobiliário. Isto quer dizer que temos uma base sólida de procura, níveis de preços e rendas competitivos, num contexto de melhoria das condições económicas, abrindo perspetivas positivas para o mercado imobiliário em 2025. Mas temos que, enquanto indústria e país, criar mais oferta imobiliária e fazer crescer a produção”, defende Carlos Cardoso.