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Lugares para quem gosta de ser maltratado
Agosto 10, 2023 · 7:00 am
Imagem do site do hostel HansBrinker
O povo diz, a experiência confirma: há gostos para tudo. Dissonâncias e opiniões diversas são bem-vindas, nas convicções políticas, nas escolhas religiosas, nos amores clubísticos, nas preferências gastronómicas ou nas cores prediletas. Ninguém quer um mundo cheio de ideias iguais, contudo, apesar disso, não deixa de ser surpreendente a quantidade de opções bizarras consideradas atrativas por muito boa gente.
Sabe que há quem pague para ser maltratado, insultado ou ter experiências realmente más? Não acredita? Deixamos três sugestões para aqueles que procuram lugares onde possam viver um momento bem desagradável ou, em sentido inverso, três locais de onde deve fugir caso seja mais convencional.

Imagem do site do hostel HansBrinker
Lugares para quem gosta de ser maltratado
1. O pior hotel do mundo
Quando um hotel escolhe autodenominar-se “o pior hotel do mundo”, é normal desconfiar. Tudo parece demonstrar que este é o local onde não há pretensão de melhorar o serviço nem de tornar a experiência dos clientes mais agradável.
O Hans Brinker Hostel, em Amesterdão, é um albergue que existe desde 1970. “O que acontece no Hans Brinker, nem sempre fica no Hans Brinker”, promete a mensagem de boas-vindas do site, “porque as melhores histórias são as que viajam.” O infame Hans Brinker Hostel não promete conforto, higiene ou sequer simpatia, mas garante uma memória difícil de esquecer… talvez pelos piores motivos.
Na verdade, pelas críticas disponíveis, este hostel é apenas mediano. A aposta no título foi uma estratégia de marketing que, aliada a campanhas publicitárias divertidas, resultou. Afinal, ser o pior do mundo foi o melhor que lhe aconteceu.
Até houve pretensões de expansão, e em 2016, abriram também um hostel na capital portuguesa com o slogan “a mesma porcaria, mas com mais sol”. Porém, o albergue português não terá conseguido igualar as más experiências do congénere holandês porque já fechou.
Lugares para quem gosta de ser maltratado
2. Prato do dia: ser insultado
Todos conhecemos pelo menos um estabelecimento comercial cujo dono, gerente ou empregado é um incorrigível rabugento. Normalmente faz parte da graça do local, por ser típico e castiço. Também podemos aturar aquilo só porque têm uma comida excecional e nem vamos lá todos os dias. Resmungo para aqui, carranca para lá, nunca ninguém se tinha lembrado que maltratar a clientela é afinal uma arte capaz de garantir o sucesso de um espaço.
No Karen’s Diner, em Sydney, na Austrália, os pratos do dia são, precisamente, maus-tratos a clientes. Os empregados estão sempre maldispostos, são insolentes, desagradáveis e incompetentes. Aqui, pode apanhar com o menu na cabeça, ser insultado e, muito provavelmente, não comer aquilo que pediu.
Naturalmente, tudo é uma brincadeira consentida e com bastante humor. Mas também há regras: insultos racistas, sexistas e homofóbicos não são permitidos.

Imagem do site Karen's Diner

Caminhada Noturna - Imagem do site Eco Alberto Park
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3. Clandestino por um dia
Mesmo dentro das vivências menos boas, há diferentes níveis dentro daquilo a que podemos chamar um momento desagradável. Estaria disposto a pagar para correr a meio da noite, ser agredido, insultado, roubado e arriscar a própria vida? A experiência que se segue entra melhor na categoria de horror, já que permite aos interessados simularem que são migrantes mexicanos ilegais a cruzar a fronteira com os Estados Unidos da América. Chamada de Caminhada Noturna, esta atividade é considerada “turismo de consciencialização” e pretende promover a empatia com aqueles que buscam uma vida melhor fora do seu país, além de combater o êxodo dos mais jovens.
Na pequena cidade de El Alberto, no México, uma localidade fronteiriça pobre e depauperada pelo abandono daqueles que partiam em busca do sonho americano, a comunidade criou um parque turístico, o Eco Alberto Park, com diversas atrações e onde contam também a sua história. Seria capaz de se atrever a viver esta experiência?