Investimento imobiliário recupera no 3.º trimestre

O mercado de investimento imobiliário em Portugal somou 371,6 milhões de euros, até setembro deste ano, um crescimento de 42% face ao mesmo período de 2023, embora represente uma quebra de 5% face ao 2.º trimestre de 2024.

Segundo o relatório “Real Estate Market Overview” da Savills, o investimento acumulado dos primeiros nove meses de 2024 ultrapassou a marca dos mil milhões de euros, em linha com o observado no ano anterior.

Os segmentos de Hospitality e retalho são os mais se destacam até à data. O primeiro soma cerca de 275 milhões de euros de volume de investimento, devido ao desempenho dos principais indicadores do turismo que impulsionam, sobretudo, o interesse em imóveis localizados nas regiões do Algarve, Lisboa, Cascais e Porto.

 “Em 2024, o mercado de hospitality em Portugal consolidou-se como um dos setores mais atrativos para investimento, captando capital nacional e internacional. Com um desempenho robusto e oportunidades variadas, o país destaca-se como destino europeu de referência, atraindo operadores globais interessados em expandir suas marcas. Esse cenário coloca o setor numa trajetória de crescimento sustentável e sucesso a longo prazo.”, defende Pedro Simões, Capital Markets Senior Consultant da Savills.

No setor do retalho, os centros comerciais e retail parks estão a captar, de igual modo, o interesse dos investidores que apostam tanto em ativos de grande dimensão e bem localizados, como em ativos de menor dimensão em localizações secundárias, mas com potencial de valorização de mercado.

Neste segmento, foi significativo o montante de investimento de aquisição do Alegro Montijo, por 178 milhões de euros, o que representa mais de metade do volume total registado até ao 3.º trimestre de 2024, segundo o relatório.

O mercado de escritórios denota menos dinamismo face aos seus volumes históricos, tendo totalizado um volume de investimento total de 184 milhões de euros até setembro de 2024. Apesar disso, este ano já superou o volume total de investimento registado em 2023, sobretudo com a transação de ativos de referência em Lisboa, em zonas consolidadas.

No segmento residencial, o investimento em PBSA (Purpose-Built Student Accommodation) continua a destacar-se, totalizando cerca de 144 milhões de euros no acumulado do ano, correspondente à venda de residências de estudantes localizadas em Lisboa, Covilhã e Braga. Os investidores interessam-se tanto na aquisição de ativos já operacionais, como em operações de forward purchase.

O segmento logístico somou um investimento de 66 milhões de euros até ao final do 3.º trimestre de 2024, em linha com a média dos anos entre 2019 e 2023. A exceção foi o ano de 2022 que registou um volume de investimento excecional.

O relatório sublinha que “o mercado continua a evidenciar um desajuste entre a forte performance do mercado ocupacional e a atividade no mercado transacional logístico. Apesar do dinamismo observado na ocupação de espaços logísticos, este ainda não se traduziu em volumes significativos de investimento, embora o setor esteja bastante dinâmico na promoção de novos projetos”.

O investimento estrangeiro representou 79% do volume total de transações. Africa do Sul, Alemanha, França e Espanha somam os volumes de investimento mais relevantes.

As prime yields mantiveram a sua estabilidade, depois da descompressão que ocorreu no ano 2023, tendo entrada em fase de estabilização no primeiro semestre de 2024.

O dinamismo do mercado leva Paulo Silva, Head of Country da Savills, a perspetivas otimistas: “apesar dos desafios ainda latentes como um quadro macroeconómico que ainda sugere cautela e tensões geopolíticas, acreditamos que a reta final de ano marcará um novo impulso e 2025, os volumes de investimento deverão recuperar a níveis anteriores a 2023.”