Habitação

Habitação: o retrato do esforço para comprar casa em Lisboa e no Porto

Outubro 8, 2025 · 9:56 am
Foto de Matt Roskovec na Unsplash

Lisboa é o concelho onde comprar casa é mais caro, mas, no conjunto dos cinco municípios geograficamente mais próximos da capital, é em Odivelas que adquirir uma habitação exige maior esforço financeiro a quem trabalha no município.

O retrato dos municípios elaborado pela Pordata, o portal de estatísticas da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), nas vésperas das eleições autárquicas de 12 de outubro, indica que os preços medianos da venda de habitações novas em Lisboa ascenderam, no ano de 2024, a 5.035 euros por metro quadrado. Nas transações de casas usadas, esse valor desceu para 4.207 euros por metro quadrado.

Considerando estes valores, um imóvel recém-construído na capital, com uma área de 100 metros quadrados, terá sido vendido, em média, por 503.500 euros, e um usado por 420.700 euros.

Quantos salários são necessários para comprar casa?

O retrato dos municípios da Pordata indica também que os trabalhadores por conta de outrem em Lisboa apresentavam, no ano de 2023, um ganho médio mensal de 1.985,6 euros, um valor que depois de multiplicado por 14 retribuições mensais atinge os 27.798,4 euros anuais.

Por ganho médio mensal, entende-se o salário bruto médio com horas extra ou subsídios.

Assim, quem trabalhasse em Lisboa e quisesse adquirir casa nova na mesma cidade, precisaria de poupar o equivalente a 18,1 salários anuais, um valor que diminuiria para 15,1 anos de retribuições se o imóvel comprado fosse usado.

Entre os cinco municípios geograficamente mais próximos de Lisboa, Odivelas é o que apresenta maior disparidade entre os preços medianos das casas, novas e usadas, e os ganhos de quem ali trabalha.

Apesar de ser o terceiro entre os municípios considerados, depois de Lisboa e de Oeiras, a apresentar a mediana mais alta na venda de habitações, é o que apresenta o ganho médio mensal dos trabalhadores mais reduzido: 1.185,9 euros, abaixo dos 1.354,3 euros em Almada e dos 1.440,3 euros em Loures.

Os mais bem pagos são os trabalhadores do concelho de Oeiras (2.104,8 euros mensais), seguidos pelos de Lisboa (1.985,6 euros) e da Amadora (1.734,8 euros).

Quais os concelhos com mais trabalhadores?

Lisboa e Oeiras são também os concelhos que empregam mais pessoas. Lisboa tem 375.043 trabalhadores, e Oeiras tem 87.525 mil. No conjunto dos seis municípios, Odivelas é o que emprega menos pessoas, com 17.959 trabalhadores.

Assim, se uma casa nova com 100 metros quadrados em Odivelas custar 318.800 euros, e uma usada 271.300 euros, adquirir um imóvel habitacional nesse concelho exigiria, a quem ali trabalhasse, uma quantia equivalente a 19,2 anos e a 16,3 anos de salários anuais, respetivamente.

Em ambos os casos, comprar casa em Odivelas exigiria um pouco mais do que um ano de salários do que Lisboa.

Tanto Lisboa como os cinco municípios mais próximos apresentam valores medianos de venda de habitações acima da média nacional (que era de 2.147 euros por metro quadrado para as construções novas, e de 1.689 euros para as existentes). Lisboa é o mais caro, seguido por Oeiras (3.995 euros e 3.349 euros, respetivamente) e Odivelas (3.188 euros e 2.713 euros, respetivamente).

A Amadora era o único dos concelhos mais próximos da capital a registar valores mais elevados nas casas usadas do que nas novas: 2.493 euros e 2.430 euros por metro quadrado, respetivamente.

Comprar casa na Maia exige o menor esforço no Grande Porto

A norte, é o Porto o concelho onde é mais caro comprar casa e a aquisição exige maior esforço financeiro a quem trabalha no município. Nos cinco concelhos geograficamente mais próximos, é na Maia que o esforço financeiro é menor.

Segundo a Pordata, os preços medianos da venda de habitações novas no Porto ascenderam, no ano de 2024, a 3.250 euros por metro quadrado. Nas transações de casas usadas, esse montante desceu para 2.757 euros por metro quadrado.

Considerando estes valores, um imóvel recém-construído na cidade, com uma área de 100 metros quadrados, terá sido vendido, em média, por 325.000 euros, e um usado por 275.700 euros.

O retrato dos municípios da Pordata mostra que os trabalhadores por conta de outrem no Porto apresentavam, no ano de 2023, um ganho médio mensal de 1.761,4 euros, um valor que depois de multiplicado por 14 retribuições mensais atinge os 24.659,6 euros anuais.

Assim, quem trabalhasse no Porto e ali quisesse adquirir uma casa nova, precisaria de poupar o equivalente a 13,2 salários anuais, um valor que se reduziria para 11,2 anos de retribuições se o imóvel fosse usado.

Entre os cinco municípios geograficamente mais próximos do Porto, a Maia é o que apresenta maior disparidade entre os ganhos dos trabalhadores e os preços medianos das casas, novas e usadas.

Apesar de ser o terceiro, depois do Porto e de Matosinhos, a apresentar o ganho médio mensal mais alto, o valor mediano da venda de habitações é o quinto maior: 2.333 de euros por metro quadrado nas casas novas e 1.899 euros por metro quadrado nas usadas.

Trabalhadores do Porto são os mais bem pagos da região

No conjunto dos municípios considerados, os mais bem pagos são os trabalhadores do concelho do Porto (1.761,4 euros mensais), seguidos pelos de Matosinhos (1.600,7 euros) e da Maia (1.524,7 euros).

O ganho médio mensal em Vila Nova de Gaia é o quarto maior (1.392,3 euros), à frente do da Trofa (1.342,4 euros) e do de Espinho (1.244,2 euros).

Já o valor da mediana mais alta na venda de habitações encontra-se no concelho do Porto, à frente do de Matosinhos (3.064 euros por metro quadrado para os imóveis por estrear e 2.387 euros por metro quadrado para os usados).

Seguem-se Vila Nova de Gaia (2.564 euros e 1.912 euros, respetivamente), Espinho (2.505 euros e 2.315 euros), Maia (2.333 euros e 1.899 euros) e, por último, a Trofa (1.566 euros e 1.446 euros).

Assim, se uma casa nova com 100 metros quadrados na Maia custar 233.300 euros, e uma usada 189.900 euros, adquirir um imóvel no concelho exigiria, a quem ali trabalhasse, uma quantia equivalente a 10,9 anos e a 8,9 anos de salários anuais, respetivamente.

Em ambos os casos, comprar casa na Maia exigiria menos dois anos de salários do que no Porto.

Gaia e Porto com mais residentes

Vila Nova de Gaia e Porto são, entre os municípios considerados, os que têm mais residentes. Gaia tem 312.984 habitantes, e é o terceiro mais populoso a nível nacional, apenas superado por Lisboa (575.739 pessoas) e Sintra (400.947). O Porto surge em quarto lugar, com 252.687 residentes.

Os concelhos do Porto e de Vila Nova de Gaia são também os que empregam mais pessoas nos municípios analisados. O Porto tem 119.258 trabalhadores, e Gaia tem 56.955. Espinho é o que emprega menos, com 4.663 pessoas.

A crise da habitação tem sido o tema central dos candidatos às eleições autárquicas em muitos dos concelhos do país.

Fonte: Lusa/ Redação

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