Fora de casa: exposições imperdíveis sobre Arquitetura e Habitação

Para os entusiastas das artes, nas suas múltiplas expressões, Lisboa oferece duas exposições imperdíveis que abordam o tema da habitação e da arquitetura de maneiras distintas. A exposição “Siza“, na Fundação Calouste Gulbenkian, e “ROOF“, por Mário Cruz, são boas oportunidades para explorar e refletir sobre diferentes camadas e dimensões daquilo a que chamamos casa, construção, cidade, comunidade.

Siza é uma exposição dedicada à obra de um dos maiores nomes vivos da arquitetura e urbanismo mundiais, Álvaro Siza Vieira.

Esta mostra reflete sobre o papel do desenho no trabalho de Siza Vieira, mas não esquece as várias facetas e talentos do arquiteto, destacando o humor, as paixões pela dança e música, a polivalência de toda a sua expressão artística. Dividida em duas partes, Siza é uma viagem intensiva pela obra arquitetónica de Siza, na galeria principal da Fundação Calouste Gulbenkian, e ainda pela sua obra plástica, na galeria de exposições temporárias do Museu Gulbenkian.

Reúne material original, desenhos, plantas de trabalho e plantas finais, fotografias, peças de design, mas também obras de artistas que integram a constelação de referências pessoais, artísticas e profissionais de uma das mais importantes figuras da história da arquitetura em Portugal e no mundo.

A exposição tem curadoria do também arquiteto, crítico e curador espanhol Carlos Quintáns Eiras tem como ambição cobrir todos os aspetos criativos da carreira de Siza. Vai ser acompanhada de um programa público, que inclui visitas orientadas, oficinas de desenho, uma mesa-redonda, com duas sessões, para “Pensar Siza Vieira”, e um ciclo composto por três filmes, escolhidos pelo próprio Siza: “O Arquiteto e a cidade velha”, de Catarina Alves Costa, “Vizinhos”, de Cândida Pinto, e “A Dama de Chandor”, de Catarina Mourão.

Nascido em 1933, em Matosinhos, distrito do Porto, Álvaro Siza Vieira foi o primeiro português a vencer o Prémio Pritzker, o maior galardão de arquitetura do mundo.

“ROOF” é uma exposição imersiva e multidisciplinar que revela o lado oculto da crise habitacional em Lisboa. Patente num edifício devoluto na Rua Augusto Rosa, 15, a exposição de Mário Cruz, vencedor de dois prémios World Press Photo, combina fotografia, instalação e vídeo para retratar as vidas daqueles que ficam fora das estatísticas oficiais.

Além de exposição, ROOF também é um livro e vai ainda ser pretexto para uma conversa com Mário Cruz, moderada pelo jornalista Pedro Sousa Pereira, sobre o trabalho do fotógrafo. Esta sessão única ocorre no sábado, 18 de maio, às 15h, no Antigo Recolhimento das Merceeiras, em Lisboa, com entrada livre.

Dando visibilidade aos que ficam longe do olhar e dos números oficiais, ROOF revela as condições desumanas da habitação em Lisboa e convida à reflexão sobre a construção de uma cidade a diferentes velocidades.

Enquanto Lisboa é eleita como destino turístico número um da Europa, muitos dos seus habitantes têm de escolher entre comer ou pagar uma renda. “Pessoas que sobrevivem das sobras do que outros descartam e ocupam edifícios abandonados, fábricas entaipadas, escolas devolutas ou contentores enferrujados, num esforço de os transformarem em algo que se assemelha a um lar”, diz a apresentação.

Provocadora e inclemente, ROOF resulta do trabalho desenvolvido por Mário Cruz ao longo de uma década (2013-2014, 2019-2020 e 2023), culminando neste 2024, ano em que se celebra o 50.º aniversário do 25 de Abril, que sedimentou a democracia e consagrou na Constituição o direito à habitação.