A despesa anual média das famílias em Portugal chegou aos 23.900 euros em 2022/2023, sendo que os gastos com habitação ocupam uma fatia cada vez maior dos orçamentos. Cerca de dois terços dos encargos estiveram associados à habitação (39,3%), à alimentação (12,9%) e aos transportes (12,1%), revelou o INE.
Os resultados do Inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023 evidenciam que a despesa anual média associada à habitação ascendeu a 9.390 euros, enquanto com alimentação ficou nos 3.091 euros e transportes nos 2.888 euros. As despesas com restaurantes e alojamento representaram 8,6% dos gastos anuais médios das famílias portuguesas.
Lisboa e Algarve acima da média nacional
De acordo com os resultados do inquérito, a despesa anual média foi mais elevada na Área Metropolitana de Lisboa (26 891 euros), mas o Algarve também superou a média nacional. Em sentido contrário, nos Açores, com o perfil mais distante em relação à média nacional, verificou-se a despesa média regional mais baixa (19 431 euros).
De igual modo, o Alentejo e, com menor expressão, a Área Metropolitana de Lisboa distanciaram-se dos valores médios, sobretudo pelo peso das despesas em habitação. No caso do Alentejo por ser abaixo da média do país, 33,4% face aos 39,3% de média nacional, e a Área Metropolitana de Lisboa por estar bastante acima, 43,8%.
O estudo indica que, nas áreas predominantemente rurais, uma “menor parcela da despesa das famílias” foi despendida em cultura, recreação, deporto e lazer e aos serviços de educação.
Outra das conclusões do estudo sugere que os agregados familiares com crianças dependentes gastam anualmente, em média, mais 9.731 euros do que aqueles que não têm crianças dependentes, ou seja, o que se traduz numa despesa mensal média superior em 811 euros.
Despesas com habitação com mais importância relativa
As famílias pertencentes ao último quintil de rendimento (20% das famílias com maiores rendimentos) gastaram mais do dobro dos agregados familiares integrados no primeiro quintil de rendimento (20% das famílias com menores rendimentos).
A proporção de despesas com saúde superiores a 10% do rendimento monetário foi observada sobretudo nas famílias sem crianças dependentes (14,1%), enquanto nas famílias com crianças dependentes, aquela proporção foi de 7,7%. Também nas famílias com idosos, especialmente nas pessoas idosas a viver sós (20,4%), e nas famílias com dois ou mais adultos em que pelo menos um é idoso (16,9%).
Os dados confirmam os resultados preliminares que indicavam que a importância relativa dos encargos com a habitação na estrutura da despesa familiar tem aumentado nas últimas décadas em Portugal. Em contrapartida, os encargos com alimentação, vestuário e calçado são os que mais têm perdido peso no conjunto da despesa das famílias portuguesas.