Habitação
Como baixar a prestação da casa sem esperar pela moratória
Setembro 27, 2023 · 2:22 pm
Imagem de Wirestock no Freepik
Muitas famílias enfrentam dificuldades no cumprimento das prestações do crédito à habitação, face à escalada nas taxas de juros. Para aliviar o orçamento de quem tem de pagar empréstimo ao banco e viu a prestação quase duplicar no último ano, o governo aprovou, na semana passada, medidas de apoio. Mas há outras possibilidades para conseguir baixar a prestação da casa sem ter de esperar pela moratória anunciada.
Governo aprova apoios ao crédito
Uma das medidas de apoio ao crédito funciona como uma espécie de moratória e estará disponível a partir de novembro. Durante dois anos, as famílias podem optar pela fixação da prestação da casa com base numa taxa equivalente a 70% da Euribor a 6 meses, mais a aplicação do spread. Na prática, há uma redução de 30%, mas essa diferença é paga nos anos seguintes.
Outra das medidas alarga da bonificação de juros do crédito à habitação para as famílias mais sobrecarregadas que estejam nos primeiros seis escalões do IRS. Aumenta de 720 para 800 euros o teto máximo de apoio e estende a medida até 2024, implicando a bonificação do valor da taxa que exceda 3%.
Amortize a sua dívida
Uma das maneiras mais eficazes de pagar menos de prestação mensal, é reembolsar parte da sua dívida ao banco. Num momento em que as taxas de juro estão em valores muito elevados, pode valer a pena mobilizar uma parte das poupanças para amortizar a dívida, total ou parcialmente, ganhando liquidez.
Pode fazê-lo sem penalizações, até ao final de 2024, já que o Governo aprovou, também, a manutenção da suspensão da comissão por amortização antecipada do crédito à habitação.
Renegoceie o spread
A concorrência entre os bancos pode ser usada a seu favor, sobretudo se está a pagar créditos contratados antes de 2014. As condições oferecidas pelos bancos são hoje muito diferentes e é possível que consiga renegociar as condições do seu empréstimo.
O spread é o lucro que o banco obtém por lhe emprestar dinheiro. Pode poupar significativamente na prestação mensal se conseguir que este baixe umas décimas. Atualmente, consegue encontrar soluções de crédito à habitação indexados à taxa variável que oferecem spreads abaixo de 1%.
Outra possibilidade é transferir o empréstimo para outro banco que lhe ofereça melhores condições e que cubra os custos associados a essa transferência (nova escritura e impostos associados, comissão de abertura de processo, de avaliação do imóvel, de formalização do novo contrato).
Alargue o prazo do empréstimo
Outra medida que permite a diminuição da sua prestação mensal é renegociar com o seu banco o alargamento do prazo do empréstimo, com possibilidade de retoma do prazo anteriormente contratado.
Com uma alteração, por exemplo, de 30 para 40 anos, pode ganhar liquidez imediata, pagando menos por mês. No entanto, no final do contrato, acaba por gastar muito mais em juros. Por isso, esta não é uma solução, apenas o adiamento da questão.
Logo, o alongamento da maturidade do crédito à habitação deve ser temporário, para fazer face a um momento de dificuldade, e ser revertido com a brevidade possível, quando o orçamento familiar o permitir.
Poupe nos seguros associados
A contratualização de um crédito à habitação envolve, por regra, outros produtos associados, como seguros, cartões de crédito e débito e produtos financeiros. Os bancos concedem bonificações nos spreads pela escolha destes produtos, o que pode ser bastante tentador.
Todavia, nem sempre estas ofertas correspondem ao melhor negócio para os clientes. As mesmas coberturas podem ser duas ou três vezes mais baratas em seguradoras fora dos bancos. Renegociar as apólices de seguro associadas ao crédito habitação (seguro de vida e multirriscos) ou optar pela sua contratualização fora dos bancos pode significar uma enorme poupança, sobretudo para quem tem mais de 40 anos. Antes de tomar qualquer decisão, faça as contas e confirme que não terá nenhuma penalização no seu crédito.
Seguros celebrados nos bancos podem custar o dobro
Segundo uma análise da Aprose – Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros, os valores dos seguros de vida e multirrisco associados ao crédito habitação, celebrados aos balcões dos bancos, podem atingir o dobro do preço verificado em mercado livre.
A associação propôs ao Governo uma alteração à lei de forma a garantir que não haja penalização do spread caso o cliente decida mudar o seguro de vida para uma seguradora à sua escolha. A medida não foi acolhida o que, segundo a Aprose, é revelador da proteção do Governo à banca.
De acordo com a associação, uma vez que existem cerca de um milhão de créditos à habitação associados a seguros feitos diretamente com a banca, a mudança para o mercado livre iria permitir uma poupança média anual de 300 euros por contrato, ou seja, um valor global de cerca de 300 milhões de euros.