O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje o corte em 25 pontos base das três taxas de juro diretoras, a primeira descida desde 2019. Assim, a taxa fixa de operações principais de refinanciamento recuou para 4,25%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez desceu para 4,5% e a de facilidade permanente de depósito para 3,75%.
No comunicado divulgado depois da reunião de política monetária, o conselho do BCE, presidido por Christine Lagarde, afirma que, “com base numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária, é agora apropriado moderar o nível de restritividade da política monetária, após as taxas de juro terem sido mantidas constantes durante nove meses”.
BCE quer descida da inflação
A descida das taxas diretoras por parte do BCE na reunião desta quinta-feira já era expectável e motivara a quebra das Euribor, que servem de indexante à larga maioria dos créditos à habitação em Portugal. Contudo, os analistas perspetivam que a descida das taxas de juro será mais lenta do que o previsto no início do ano. O BCE faz depender do abrandamento da inflação esta tendência.
“Desde a reunião do conselho do BCE de setembro de 2023, a inflação desceu mais de 2,5 pontos percentuais e as perspetivas de inflação melhoraram significativamente”, adianta ainda o comunicado, acrescentando que “a inflação subjacente também abrandou, reforçando os sinais de enfraquecimento das pressões sobre os preços, tendo as expectativas de inflação baixado em todos os horizontes”.
O Conselho do BCE pretende assegurar o retorno atempado da inflação “ao seu objetivo de médio prazo de 2%” e “para o efeito, manterá as taxas de juro diretoras suficientemente restritivas enquanto for necessário”.
BCE não se compromete com futuras descidas
Por outras palavras. O BCE não se compromete quanto à trajetória das taxas de juros, já que as suas decisões “basear‑se‑ão na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária”.
O BCE tomou a decisão de descer as taxas diretoras num contexto de aumento da inflação na zona euro, depois de esta ter subido duas décimas de ponto percentual em maio face a abril, para 2,6%; enquanto a inflação subjacente – que exclui os preços da energia e dos alimentos frescos, por serem mais voláteis – subiu o mesmo valor, para 2,9%.
Além disso, os salários negociados na zona euro aumentaram 4,69% no primeiro trimestre, enquanto o PIB da região ultrapassou a recessão técnica ao aumentar 0,3% entre janeiro e março.
Com a decisão de hoje, o BCE procedeu à primeira redução da taxa de juro desde março de 2016, há oito anos, embora tenha então reduzido o preço do dinheiro de 0,05% para 0%. Posteriormente, baixou a taxa de facilidade permanente de depósito em 0,10 pontos, para -0,5% em setembro de 2019.
Em qualquer caso, esta é a primeira descida desde que iniciou o seu ciclo de aperto da política monetária devido ao aumento da inflação, com 10 subidas consecutivas entre julho de 2022 e setembro de 2023.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 18 de julho.
Fonte: Redação/ Lusa