Dinheiro
BCE volta a baixar juros: perceba o impacto nas suas contas
Setembro 12, 2024 · 2:39 pm
Imagem de Freepik
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu hoje reduzir as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, uma decisão justificada com a desaceleração da inflação e o abrandamento da economia da zona euro.
Mas qual o impacto desta medida nas contas das famílias?
Terceiro corte de 2024
O BCE cumpriu aquelas que eram as expectativas dos mercados, descendo novamente a taxa de juro de depósitos do banco central que serve de referência para o custo dos empréstimos na zona euro. A taxa de juro aplicada à facilidade permanente de depósito, de referência, cai para 3,25%. Esta é a segunda quebra consecutiva desta taxa e o terceiro corte de 2024. Antecipa-se que, até ao final do ano, possa haver nova descida.
À subida dramática das suas taxas de juro que, entre julho de 2022 e setembro de 2023, escalaram de -0,5% para 4%, para combater a escalada da inflação, seguiu-se um ligeiro alívio. Em junho deste ano, a instituição liderada por Christine Lagarde desceu a taxa de juro de depósito de 4% para 3,75%, a primeira quebra depois de 10 aumentos consecutivos. Depois de, em julho, o BCE ter mantido o valor inalterado, seguiu-se nova descida em setembro, de 25 pontos base.
No anúncio desta quinta-feira, depois da reunião em Liubliana, na Eslovénia, o conselho do BCE justificou a decisão como facto de o “processo desinflacionista está bem encaminhado”, segundo a informação disponível, e acrescenta que “as perspetivas de inflação também são afetadas por recentes surpresas em baixa dos indicadores da atividade económica”.
“O Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”, pode ler-se no comunicado, onde se afirma que o banco central “continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e, reunião a reunião, na definição do nível e da duração adequados da restritividade” adianta o comunicado.
O que são as taxas de juro diretoras?
O BCE é responsável por fixar três taxas de juro essenciais para a economia da zona euro. Estas taxas são instrumentos que o BCE usa para influenciar o custo do dinheiro, controlar a inflação e estabilizar a economia.
- Taxa de juro da facilidade permanente de depósito (ou taxa de facilidade de depósito):
O que é: É a taxa que o BCE paga aos bancos quando estes depositam o seu dinheiro no BCE. Como corresponde à taxa a que os bancos podem constituir depósitos junto do banco central, serve de referência para determinar os custos dos empréstimos pedidos pelos bancos junto do Eurosistema.
Por que é importante: Esta taxa influencia a quantidade de dinheiro que os bancos estão dispostos a emprestar. Quando é muito baixa ou negativa, os bancos têm menos incentivo para manter o dinheiro parado, preferindo emprestá-lo, o que ajuda a estimular a economia. É a taxa que tem mais impacto na variação das taxas Euribor, que, por sua vez, determinam os custos suportados pelos clientes bancários nas prestações da habitação.
- Taxa de juro das operações principais de refinanciamento (ou taxa de refinanciamento):
O que é: É a taxa de juro que os bancos comerciais pagam quando pedem empréstimos ao BCE por períodos curtos, normalmente uma semana. Tem um diferencial (inferior) de 15 pontos base em relação à anterior taxa.
Por que é importante: Quando o BCE aumenta esta taxa, os empréstimos ficam mais caros para os bancos, que por sua vez também aumentam os juros para os seus clientes (empresas e pessoas). Isto pode ajudar a controlar a inflação. Quando a taxa é baixa, é mais barato pedir dinheiro emprestado, o que incentiva o consumo e o investimento.
- Taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez (ou taxa de facilidade de cedência):
O que é: Esta taxa define o custo que os bancos pagam quando querem pedir dinheiro ao BCE para obterem liquidez.
Por que é importante: Esta taxa serve como uma espécie de “teto máximo” para as taxas de juro no mercado, pois os bancos sabem que podem recorrer ao BCE se precisarem de liquidez urgente.
Todas as taxas diretoras vão baixar, com efeitos a partir de 23 de outubro. A taxa de juro aplicada à facilidade permanente de depósito cai para 3,25%, a das operações principais de refinanciamento, que estava nos 3,65%, desce para 3,4% e, por fim, a taxa da facilidade permanente, recua dos 3,9%, para 3,65%.
A descida de 25 pontos base na taxa da facilidade permanente de depósito terá influência nas taxas Euribor, permitindo um alívio das prestações dos créditos à habitação, uma vez que, em Portugal, a larga maioria dos créditos é contratada com taxas variáveis (Euribor a 12, a seis e a três meses).
Contudo, as variações nas taxas de juro, não afetam apenas os créditos, também têm impacto nas poupanças das famílias. Por isso, se no caso dos empréstimos, a descida dos juros implica uma diminuição dos encargos com o crédito, o mesmo não acontece com as poupanças. Com as taxas de juro a baixar, os depósitos perdem atratividade.
A próxima reunião do BCE está agendada para 12 de dezembro.