Créditos

Bancos apertam concessão de crédito a construtoras e imobiliárias

Janeiro 25, 2024 · 12:57 pm
Foto de Ibrahim Boran na Unsplash

A subida abrupta das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) criou pressão sobre as famílias com créditos à habitação e criou dificuldades aos que dependem de um empréstimo para comprar casa.

A procura de créditos, tanto por empresas como por particulares, voltou a cair no quarto trimestre de 2023, face ao anterior, tendo-se registado um “ligeiro aperto” por parte dos bancos na oferta de crédito ao consumo. Estas são as conclusões do mais recente Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito do Banco de Portugal (BdP), divulgado na terça-feira.

Redução na procura de crédito

Segundo o BdP, houve uma “ligeira diminuição da procura” de empréstimos por parte das pequenas e médias empresas (PME) e das grandes empresas, sobretudo no que respeita empréstimos de longo prazo. As principais causas serão “o nível geral das taxas de juro e a redução das necessidades de financiamento do investimento”.

No que respeita à queda da procura de crédito por parte de particulares, quer para aquisição de habitação, quer no segmento no consumo, também são as taxas de juro as responsáveis e, “em menor grau”, a diminuição da confiança e as perspetivas para o mercado da habitação.

O BdP antecipa que, nos primeiros três meses do ano, a procura de crédito se mantenha “sem alterações” nas empresas e tenha uma “ligeira diminuição nos particulares”.

Critérios mais restritivos no consumo

No que se refere à oferta de crédito por parte da banca, o banco central refere que, no último trimestre do ano passado, os critérios de concessão se mantiveram “sem alterações” no crédito a empresas e no crédito a particulares para aquisição de habitação e “ligeiramente mais restritivos” no crédito ao consumo e outros fins.

Segundo o relatório, a situação e perspetivas económicas gerais, a qualidade creditícia dos consumidores tal como a tolerância a riscos foram os elementos que contribuíram para que os critérios de concessão no crédito ao consumo e outros fins se tornassem mais restritivos.

O BdP refere ainda ter havido uma “ligeira diminuição” do ‘spread’, em resultado da concorrência, nos empréstimos de risco médio concedidos a PME e nos créditos para aquisição de habitação, sobretudo nos de risco médio.

Perspetivas para 2024

Num contexto de abrandamento da economia e de quebra no mercado imobiliário, a banca vai adotar uma postura mais cautelosa, apertando os critérios de concessão de financiamento, nomeadamente para as empresas do sector da construção de edifícios e atividades imobiliárias.

O BdP antecipa que os critérios de concessão de crédito se mantenham “praticamente inalterados” nos empréstimos a empresas e no crédito a particulares para aquisição de habitação e “ligeiramente mais restritivos” nos que ao consumo e outros fins diz respeito, no primeiro trimestre de 2024.

Em declarações ao Jornal Económico,  o presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), Hugo Santos Ferreira, confirma que esta “dificuldade no acesso ao financiamento, fruto do aumento das taxas de juro, tem sido um dos problemas com que os promotores imobiliários têm vindo a lidar precisamente para construir casas a preços mais acessíveis. É um problema que toca a todos neste sector e, em especial na promoção imobiliária”, sublinhando que a restrição nos critérios está a verificar-se tanto no segmento comercial como residencial.

O questionário na base do inquérito divulgado pelo BdP foi enviado aos bancos em 07 de dezembro, tendo as respostas sido remetidas até ao dia 29 de dezembro.

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