Créditos

Banco de Portugal quer mais lealdade dos intermediários de crédito com clientes

Outubro 16, 2025 · 10:44 am
Imagem de Drazen Zigic no Freepik

O Banco de Portugal vai propor ao Governo a revisão de legislação dos intermediários de crédito, incluindo medidas para reforçar a lealdade para com os clientes, considerando que por vezes são opacos em benefício de alguns bancos.

O intermediário de crédito é uma entidade que não concede crédito, mas intervém no processo, apresentando propostas de empréstimos dos bancos aos consumidores (por exemplo, para compra de habitação, automóvel ou eletrodomésticos). Em Portugal, há mais de 6.000 intermediários de crédito registados no Banco de Portugal (BdP).

Na convenção da Associação Nacional de Intermediários de Crédito Autorizados (ANICA), esta quarta-feira em Lisboa, o diretor do Departamento de Supervisão Comportamental do BdP, Ricardo Sousa, considerou que há um “nível de opacidade relevante na forma como alguns intermediários de crédito atuam”, pois apesar de cada intermediário trabalhar em média com cinco bancos a larga maioria dos contratos é apenas com um ou dois bancos.

“Ou seja, o cliente pode ser levado a acreditar que está a contratar a melhor proposta de todas as instituições [bancárias] que a entidade intermediária representa quando, na verdade, apenas está a comparar aquelas que o intermediário escolheu apresentar-lhe”, afirmou o responsável do regulador e supervisor bancário.

Menos burocracia, mais formação

A proposta de revisão quer ainda diminuir a carga burocrática que pende sobre estas empresas ou profissionais.

“Não podemos impor aos intermediários de crédito a mesma carga burocrática das instituições de crédito”, afirmou Ricardo Sousa, o que originou aplausos na sala, explicando que será proposta a redução dos documentos exigidos a cada intermediário e a informação que tem de constar nas publicidades.

A proposta do BdP defenderá ainda que os intermediários de crédito sejam obrigados a mais formação permanente.

Quanto a dados sobre o impacto dos intermediários de crédito nos clientes, Ricardo Sousa disse que no crédito à habitação e crédito pessoal o consumidor paga, em média, menos quando recorre a um intermediário de crédito do que quando contrata o crédito diretamente no banco.

Já no crédito automóvel e no crédito ‘revolving’, em média, o consumidor paga mais por um crédito através de intermediário do que se o contratar diretamente no banco.

Regras mais transparentes

Na mesma conferência, o presidente da ANICA, Tiago Vilaça, considerou que “tudo o que for mais transparência só vai levar a mais confiança no setor” e que, sendo uma profissão regulada, os intermediários de crédito “só têm de aceitar a exigência que é pedida”.

Para a coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco (associação de defesa do consumidor), Natália Nunes, é de aplaudir a maior transparência nas regras, designadamente a transparência na remuneração dos intermediários de crédito, mas considerou que mesmo depois “ainda faltará percorrer um grande caminho” até porque é preciso conhecimentos para ler as fórmulas de cálculo das comissões pagas pelos bancos aos intermediários de crédito.

Por seu lado, o deputado do PSD Hugo Carneiro disse que a revisão do regime deve ser “ponderada” para atender a vários interesses, do consumidor, do regulador, dos bancos e dos intermediários de crédito.

Depois de o BdP apresentar a proposta ao Governo, caberá ao Governo e ao parlamento fazer as alterações ao regime jurídico dos intermediários de crédito.

Fonte: Lusa

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