O Natal é aquele momento do ano que une pessoas de diferentes lugares do mundo em torno de uma celebração especial. Há tradições verdadeiramente curiosas, mas em todas elas o elemento comum é que esta é uma festa de encontro e partilha com amigos e família.
As festividades em dezembro têm raízes antigas, anteriores ainda à celebração católica do nascimento de Jesus, relacionadas com a observação astronómica e a sua influência nas estações do ano e nas colheitas. As celebrações pagãs do solstício de inverno e as romanas como as Saturnálias já incluíam tradições como a decoração com ramos, velas, comidas e bebida.
Até hoje, as mesas enchem-se de pratos saborosos, divididos com aqueles que ocupam um lugar especial nos nossos corações e, apesar da diversidade cultural, cada família constrói o seu próprio Natal. Entre decorações especiais, troca de presentes e gastronomia diversa, descubra as mais curiosas tradições de Natal à volta do mundo.
Duendes e peixe seco na Escandinávia
Muitos dos países do norte da Europa baseiam suas celebrações de Natal nas antigas tradições do solstício de inverno. Em particular, a homenagem a Jól (Yule) simbolizam a vitória da luz e da vida sobre a escuridão e a morte.Embora os países escandinavos como Suécia, Noruega, Dinamarca partilhem muitas tradições, também têm as suas próprias variações culturais. O frio e a neve dão o tom certo às festividades, as casas e ruas são decoradas com luzes cintilantes, velas e grinaldas.
As comemorações iniciam-se a 13 de dezembro, data em que se celebra o dia de Santa Luzia. A tradição dita que a filha mais velha da família deve vestir-se de branco, colocar uma coroa de velas na cabeça e acordar os pais com uma canção.
Na tradição escandinava, o Tomte (Suécia) ou Nisse (Noruega e Dinamarca) é um pequeno ser mitológico que traz presentes às crianças e é retratado como um duende ou elfo. Os pratos tradicionais são preparados durante esta época, como o lutefisk (peixe seco em soda cáustica, reidratado e cozido) na Noruega, e o risengrynsgrøt (arroz doce) na Dinamarca e Noruega. O Glogg, uma bebida de vinho quente temperado com especiarias aquece os corações.

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Islândia: livros e batatas podres
A Islândia tem tradições natalícias bastante peculiares e dá início às celebrações treze dias antes da véspera de Natal.
No imaginário islandês, existem treze trolls de Natal, os Jólasveinar, que raptam crianças desobedientes para que a sua mãe, a ogre Grýla, as coma numa reconfortante sopa. Como se esta família não fosse já bastante disfuncional, o monstruoso gato preto Jólakötturinn devora também os miúdos que não usem uma peça de roupa nova nas festividades de fim-de-ano.
É possível que este cenário assustador tenha transformado o Natal no filme de terror da infância dos islandeses, pelo que foi o próprio parlamento islandês, no século XVIII, a proibir o uso da lenda de Grýla como forma de impor o medo. As crianças deixaram então de temer acabar como sopa de ogre e passaram a receber batatas podres caso se portem mal. Os Jólasveinar estão, assim, menos assustadores e muito mais brincalhões nos dias de hoje e, manda a tradição, que os pequenos deixem um sapato no parapeito da janela na esperança de receber um presente ou, na pior das hipóteses, uma batata estragada.
Outra tradição natalícia islandesa é a troca de livros, parte dos hábitos culturais do país. A noite de Natal é tradicionalmente dedicada à leitura dos livros que foram recebidos.

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Japão: frango frito e romance
No Japão, o Natal é mais uma celebração romântica do que religiosa, já que a maioria da população é xintoísta ou budista. Os casais aproveitam a data para expressar o seu amor, muitas vezes partilhando refeições românticas, mas também os amigos podem confraternizar na véspera de Natal.
Outra tradição surpreendente é que comer frango frito do KFC tornou-se numa tradição natalícia no Japão, com as pessoas a encomendar as suas caixas especiais de frango com antecedência. A origem deste hábito deve-se a uma campanha publicitária promovida pelo dono da primeira franquia da marca de frango frito no país que investiu em caixas decorativas com motivos natalícios.

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Filipinas: três meses em festa
Nas Filipinas, o Natal é mesmo quando o Homem quer e, neste caso, os filipinos querem muito! As montagens das decorações e os cânticos de Natal começam logo em setembro e a época natalícia prolonga-se até uma semana depois do novo ano.
O país é maioritariamente católico e extremamente devoto. Muitos filipinos completam as novenas de Simbang Gabi, nove dias de missas antes do Natal, que decorrem de madrugada. A comunidade desempenha um papel central nas celebrações filipinas. Há festas nos diversos círculos sociais (família, amigos, escola, trabalho), sempre com muita comida para ser apreciada e partilhada.

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México: Natal com piñatas
As tradicionais Posadas mexicanas são celebrações que decorrem entre 16 e 24 de dezembro. Durante nove noites, as ruas recebem o colorido das procissões que encenam a história de Maria e José na busca por abrigo para dar à luz o menino Jesus.
A cada noite o ritual termina com uma festa com direito a comidas tradicionais, incluindo ponche quente, buñuelos (massa doce frita) e a obrigatório piñata, um jogo típico no qual existe um pote suspenso, cheio de guloseimas no interior, que as crianças (e os crescidos) tentam partir com um pau tendo os olhos vendados.

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Carpas natalícias na Eslováquia
Se o bacalhau é o rei do Natal português, a carpa é a rainha do Natal na Eslováquia. Manda a tradição que se compre o peixe vivo para ser arranjado o mais perto possível da data, o que leva a que algumas famílias mantenham a carpa viva em casa, dentro da banheira.
Outros peixes, como a truta, o salmão e o bacalhau, têm ganho protagonismo, mas nenhuma barbatana rouba o lugar especial das carpas no coração eslovaco. Claro que as tradições vão evoluindo, por isso, muitas pessoas devolvem a carpa à vida selvagem na véspera de Natal, em vez de a comer.

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Fazer esta viagem pelas tradições natalícias no mundo evidencia que, embora as práticas variem, a essência do Natal parece universal: a celebração do amor, da família e da partilha. Não importa que tradições marcam o seu Natal, o importante é criar memórias que perdurem. Boas festas!