Empresas
75% dos escritórios estão no centro das cidades
Outubro 29, 2025 · 11:14 am
Imagem de wahyu_t no Freepik
A localização voltou a ser a palavra de ordem no mercado europeu de escritórios. De acordo com o mais recente estudo Return to the Core da Cushman & Wakefield (C&W), três em cada quatro arrendamentos de escritórios na Europa (75%) estão agora concentrados nas zonas centrais das cidades, refletindo uma clara preferência das empresas por localizações mais estratégicas, acessíveis e com melhor oferta de serviços.
Em Lisboa, esta tendência é particularmente visível, com as zonas mais centrais a registarem níveis de ocupação quase totais e uma valorização crescente dos ativos imobiliários.
Centro em alta, periferia em perda
Nos doze meses até junho de 2025, os arrendamentos em localizações centrais na Europa aumentaram 10% face ao ano anterior, enquanto as zonas periféricas registaram uma quebra de 4%.
Segundo Nigel Almond, Diretor Sénior da C&W, “quase três quartos dos contratos de arrendamento ocorreram em áreas centrais, um aumento significativo face aos cerca de 60% registados antes da pandemia”, o que demonstra que a localização se tornou um fator determinante mesmo num contexto de subida das rendas prime.
A análise da consultora identifica 12 cidades europeias, incluindo Lisboa, que registaram um aumento da atividade de arrendamento em zonas centrais até ao segundo trimestre de 2025, reforçando o papel do centro como polo preferencial das empresas.
A capital portuguesa destaca-se neste movimento de “retorno ao centro”.
No segundo trimestre de 2025, as zonas 1 e 2 de Lisboa, correspondentes às localizações mais centrais, apresentavam taxas de desocupação de apenas 4,5% e 3,8%, respetivamente.
Já nas áreas periféricas, a taxa subia para 12,9%, e no chamado Corredor Oeste, chegava mesmo aos 13,6%, uma diferença superior a 900 pontos base face ao centro da cidade.
Esta discrepância traduz-se também na evolução das rendas: nas localizações centrais, as rendas prime estão a crescer em média 3,7% ao ano, enquanto fora do centro o ritmo é de 2,3%. Nos últimos três anos, as rendas nas áreas centrais aumentaram 13,2%, quase o dobro do crescimento registado nas zonas periféricas.
Investimento segue o movimento dos ocupantes
A aposta dos ocupantes em localizações core está a influenciar igualmente o comportamento dos investidores.
De acordo com a C&W, os valores dos ativos nas zonas centrais subiram 5% no último ano, registando quatro trimestres consecutivos de crescimento.
Em contrapartida, os ativos fora do centro desvalorizaram 0,2% no mesmo período.
As yields prime nas localizações centrais começam a dar sinais de compressão, passando de 5,3% no terceiro trimestre de 2024 para 5,2% no segundo trimestre de 2025, enquanto nas zonas periféricas subiram ligeiramente para 6,8%.
Para Pedro Salema Garção, Partner e Diretor de Escritórios da Cushman & Wakefield em Portugal, a tendência não mostra sinais de abrandamento.
“É expectável que a preferência por localizações centrais se mantenha como prioridade para os ocupantes. A facilidade de acesso, a oferta de serviços e a qualidade dos espaços continuam a ser fatores decisivos, sobretudo num contexto em que as empresas procuram incentivar o regresso dos colaboradores ao escritório.”
O responsável sublinha ainda que, embora existam espaços de qualidade fora do centro, as empresas valorizam a localização como elemento estratégico, reconhecendo o papel dos escritórios bem situados na promoção do trabalho híbrido e da colaboração presencial.
A análise da Cushman & Wakefield confirma assim uma tendência clara: num contexto de forte competição por talento e de regresso ao trabalho presencial, a localização voltou a ser o maior ativo de um escritório.
Dinheiro
Após ciclo de descida, novas rendas em Lisboa e Porto começam a estabilizar
Lisboa e Porto registam variações trimestrais ligeiramente positivas, mas mercado mantém-se em terreno negativo.