1.ª Convenção APEMIP/Imocionate reúne mais de 700 profissionais

A 1.ª Convenção APEMIP/Imocionate teve lugar no dia 4 de julho, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, reunindo mais de 700 profissionais, entre agentes, mediadores e consultores, num evento dedicado ao futuro da mediação imobiliária.

As temáticas fulcrais para o setor estiveram em debate, com grande enfoque na transformação gerada pelos novos recursos tecnológicos na mediação imobiliária. A Zome, como salientou o seu CTO Carlos Santos, foi responsável, em 2022, pela primeira escritura pública de venda em criptoativos: a transação de um imóvel em Braga foi pioneira na Europa com transferência de um ativo digital para um ativo físico, sem conversão antecipada para euros.

A possibilidade de efetuar transações de forma automática, utilizando blockchain, pagando com NFT (ativos digitais) já são uma realidade hoje, contudo, como esclareceu o CEO da Flexty, Diogo Dantas da Cunha, “a inovação demora”. As tecnologias de futuro nem sempre têm “impacto imediato no quotidiano das pessoas”, esclarece, já que a regulamentação tende a não acompanhar o ritmo da evolução.

Rui Barbosa, CEO da Devscope, empresa responsável pelo Casa Yes, destacou que o novo portal imobiliário é o primeiro a integrar a inteligência artificial (IA) na pesquisa de imóveis. Esta inovação foi alcançada através do desenvolvimento de um plugin para o ChatGPT, permitindo uma procura mais rápida e direcionada às necessidades dos utilizadores.

Por outro lado, sublinhou, a inteligência artificial não faz mais do que transformar em informação os dados que são fruto do trabalho dos profissionais do imobiliário: “o setor imobiliário tem de valorizar os dados, esses valem milhões.”

A inteligência artificial foi tema recorrente das intervenções e central na participação de Cyndee Haydon, profissional com mais de vinte anos de experiência e sucesso no ramo imobiliário. Convidada a partilhar a sua experiência com o ChatGPT considera que esta tecnologia melhora a experiência do cliente, otimiza as operações e impulsiona o negócio. “Esta é uma mudança de que todos queremos fazer parte”, afirmou. “A tecnologia é uma ferramenta, mas quantos de nós podemos ter uma ferramenta que fortalece relações?”, questionou, acrescentando que a IA não pretende substituir os seres humanos, tem de ser gerida por eles. Mas aumenta a produtividade e qualidade de trabalho dos profissionais.

No mesmo sentido, a necessidade de excelência, inovação e, sobretudo, de antecipação foi definida por Tiago Forjaz (Chief Dream Officer de uma Consultora Estratégica de Talento) como as peças-chave para o sucesso de uma organização.

No painel dedicado à “Habitação, Sustentabilidade e Finanças – Como articular?” discutiram-se estratégias para cumprir as novas exigências de edificação sustentável.

Segundo o investigador Manuel Collares Pereira, o setor imobiliário é responsável por mais de 40% das emissões de CO2, sendo 11% destes provenientes da construção civil (só o cimento produz quase 8% das emissões) e 33% do funcionamento de edifícios. Por isso, importa não apenas considerar as questões relacionadas com a eficiência energética, mas pensar também no uso de materiais de construção mais orgânicos.

A vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, Filipa Roseta, destacou o acordo de 800 milhões de euros estabelecido com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, dos quais 300 milhões de euros proveem do orçamento municipal, para no prazo de dez anos “renovar e construir com eficiência energética”.

O Presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, sublinhou o esforço financeiro feito pela autarquia a renovar dois bairros de habitação social cumprindo as regras definidas pela União Europeia que, considerou, pretende “impor legislativamente” medidas difíceis de implementar.

Roberto Colomer, Diretor Geral da UCI, realçou o interesse dos mediadores imobiliários em integrarem as preocupações com a sustentabilidade como elementos do seu trabalho.

A Ministra da Habitação, Marina Gonçalves, encerrou os trabalhos da convenção, destacando a importância do “trabalho conjunto” desenvolvido, nos meses de debate sobre o pacote legislativo “Mais Habitação”. “Não estamos em polos opostos”, afirmou a Ministra, sublinhando “a vontade de continuar a discutir o setor” com o intuito de melhorar as respostas aos cidadãos.